Cunnus

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domingo, outubro 23, 2005

A Masturbação

Não acho normal que a masturbação continue a ser vista por alguns (muito poucos, espero) como um acto impuro ou pouco digno.

Diga-se de passagem que não acho normal que as pessoas não se masturbem. Também me custa a perceber aqueles que vêm a masturbação como um prazer exclusivamente solitário, um mero sucedâneo do sexo a dois. Aliás, acho-o tão pouco normal que só me apercebi desta filosofia há pouco tempo atrás (ingénua!?) quando um dos nossos canais nacionais de televisão, núcleo duro da cultura popular, nos brindou com uma série de testemunhos verídicos, recolhidos entre o seu público alvo, sobre o acto da masturbação. Um deles era o de uma senhora que a aceitava bem mas não era praticante porque, tendo ela uma relação estável, não tinha necessidade de fazê-lo.

Eu eu pergunto: porquê? Será que o companheiro de tal fêmea nunca desejou vê-la masturbar-se? Será que ela nunca o fez ao seu lado enquanto ele dormia (ou fingia) em noites em que o sexo não a satisfez ou era inexistente? Não sentiu o prazer de se mastubar com o(s) dedo(s) do(s) pé(s) do outro, lambendo o seu próprio sabor em seguida? Nunca se veio assim? Pois devia! Ou pelo menos experimentar.

Devia tentar ver-se de pernas abertas, reflectida no espelho, de preferência um grande para que possa dar-se conta do seu prazer – é muito excitante ver o prazer que damos ao outro, mesmo que esse outro sejamos nós próprios. Olhar para si e ver como a sua postura muda consoante as nuances do seu gozo, as posições que escolhe, aquelas que lhe dão melhor acesso ao olhar, à(s) mão(s) e/ou artefactos, aperceber-se da tradução visual do que já sabia sensorialmente, ver onde e como tocar-se, onde e como deseja ser tocada, sem pressa, sem necessidade de ceder ao primeiro impulso do orgasmo, protelando-o vezes sem conta, até ao momento em que fecha os olhos e a onda imensa a prostra por terra.

De pernas bambas e a respiração quase ofegante, abrir os olhos e ver-se, saciada, tranquila, ainda de pernas abertas expondo o prazer recente, o seu prazer, o mimo que se deu, tão diferente dos que os outros lhe podem dar. Encarar a sua imagem no espelho, olhar dentros dos seus próprios olhos e sentir a força de não ter vergonha de si mesma.

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